O Homem, o Bispo, o Mártir, Santo do Povo

Torcato Félix é descendente de uma nobre e antiga família dos Torcatos Romanos, originário da cidade de Toledo.
Aplicou-se aos estudos das Divinas e humanas letras, e em todas se patenteou insigne e singular no exercício das virtudes, tornando-se Arcipreste daquela Imperial Cidade.
Bispo de Padrão de Galiza.
Bispo do Porto, por morte do Bispo Froárico.
Participou ativamente no 16º Concílio de Toledo, pelos anos 693, pelo primeiro dia de maio, sendo aclamado neste local Bispo de Braga.

693

São Torcato, Bispo de Braga, Porto e Dume
Último bispo residente em Braga até à elevação arquiepiscopal em 1070, devido à invasão muçulmana; os seus sucessores estabeleceram-se em Lugo, na Galiza.

Meados de século VIII

Dominado pelos ideais da reconquista cristã dos séculos VIII e IX, partiu com seus companheiros (em número de vinte sete) ao encontro do exército muçulmano de Muça, invasor da Península Ibérica, sendo martirizado em S. Torcato, Guimarães, onde o seu santo corpo veio a ser encontrado.
Movido de uma fé inabalável São Torcato enfrenta o inimigo (General Muça) proferindo as seguintes palavras “Irei ao encontro do inimigo ou para o vencer com a persuasão, ou para morrer com o rebanho de Jesus Cristo”.
Muça, enfurecido, com tais palavras, descarrega sobre São Torcato o golpe de morte, enquanto bárbaros sectários fazem outro tanto sobre seus fiéis e inseparáveis companheiros.

Nesse local onde testemunhou a Sua Fé em heroico martírio, rebentou uma fonte de água cristalina que ainda hoje se conserva e aí se construiu uma pequena Ermida conhecida por São Torcato o Velho e hoje chamada Capela da Fonte do Santo.

959

Referências ao culto a São Torcato, no testamento da Condessa Mumadona.

1014

Identificação da terra de S. Torcato como a designação da freguesia, hoje Vila de S. Torcato, em documento de 1014, em que o Rei Ramires II doa um conjunto de “mandamentos” a Condessa Mumadona.

1049

Carta de Couto, do Rei leones D. Fernando Magno que fala na terra de S. Torcato.

1162

Referência em documentos de 1162,
Em S. Torcato existia, desde o século XI, um Mosteiro doado posteriormente aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho por D. Afonso Henriques.

Séculos XII e XIII - 1173

O mosteiro de São Torcato teve proteção régia desde do início da nacionalidade, comprovada por documentos:
26 de abril de 1173, D. Afonso Henriques faz «Ecclesiæ Sanctæ Mariæ et Sancti Torcati et alliorum Sanctorum quaorum ibi reliquiæ reconditæ sunt (...)», estabelecendo como oragos do couto Santa Maria e São Torcato dando conta das várias relíquias aí recolhidas.
Testamento de D. Afonso II referência a oferta de 100 morabitinos.

1229

D. Sancho II renova proteção régia.

1262

D. Afonso III renova proteção régia.

1276

Papa Inocêncio V confirmou por bula pontifícia de 15 de Maio de 1276, os bens e privilégios do Mosteiro de São Torcato.

1310

D. Dinis renova proteção régia.

1336

D. Afonso IV renova proteção régia.

1357

D. Pedro renova proteção régia.

1380

O tabelião Affonso Peres refere a existência de uma oliveira, junto ao Mosteiro, que fornece o azeite que é usado na iluminação do túmulo de São Torcato.

1387

D. João I renova proteção régia.

1433

D. Duarte renova proteção régia.

1474

Papa Sixto IV, a 6 de Julho de 1474, agrega o mosteiro de S. Torcato à Colegiada de Guimarães.

1502

As Relíquias de São Torcato sempre foram cobiçadas.
Conta-nos um documento do século XIX, que já em 28 de Fevereiro de 1502 D. Manuel mandou recolher o Santo á Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, mas teve uma enorme oposição popular.

1597

O arcebispo de Braga D. Agostinho de Jesus, em 1597, tentado observar o corpo do Santo, mas mais uma vez o povo, persuadido de que ele pretendia levá-lo para Braga, impediu-o.

1637

Em 29 de Maio de 1637, veio a freguesia o Bispo de Braga D. Sebastião de Matos Noronha para ver o Santo mas o povo não deixou.

14 de julho 1637

Em 1637, é aberto o túmulo de São Torcato e o corpo é encontrado incorrupto.

1693

Nesse ano é fundada a Confraria que pretendia perpetuar o culto e honrar o santo, mantendo sempre uma lâmpada de azeite acesa.
Os confrades começam por prestar contas á Provedoria, elaborando o primeiro Livro de Contas, iniciado em 1693 e aprovado pelo Provedor em 1700 e terminado em 1729.
Continha nas folhas oito a nove e verso o Termo do Azeite, feito em 1693 que regulamentava a lâmpada do Santo.
Em 1 de Março de 1694 foi aprovado o Termo da eleição da Confraria.
Vivíssima foi a devoção a São Torcato.

Século XIX

A Irmandade de São Torcato tomou grande incremento nos princípios do Século XIX,
Depois que o Arcebispo D. Frei Caetano Brandão pôs á exposição dos fiéis o Corpo do Glorioso Mártir em 1805, cresceu neles a devoção e multiplicaram-se as peregrinações ao seu túmulo.
Nesse mesmo ano, com um crescimento imparável de Irmãos, a Confraria com Estatutos próprios passa a designar-se Irmandade de São Torcato.

1805

Desde o achado do corpo de São Torcato os seus devotos sempre procuraram encontrar um local apropriado para a edificação de um templo, propositadamente construído para a sua veneração. Primeiro, foi construída uma pequena capela, contígua à igreja paroquial, onde era guardado o corpo do Santo num túmulo fechado. A partir de 1805, o corpo era mostrado aos fiéis apenas uma vez por ano, o que atraía ainda mais devotos.

1825

Desenvolveu-se o Culto a São Torcato e houve necessidade de edificar um Santuário mais amplo e em lugar mais acessível do que aquela pequena Capela na Igreja Paroquial onde se conservou até então a venerada Relíquia.
As obras começaram em 1825 no sítio chamado “Penedos de Maria do Monte Maio”.
Com projeto do arquiteto de Inácio de Barros Lima.
Os Irmãos de Peditório, cuja missão, para além da propagação do culto, foi a de angariar as esmolas que permitiram a execução do imponente projeto.

1852

Em 1852 foi trasladado o Santo para a Capela-Mor do projetado Templo, que não chegou a concluir-se, substituído pelo atual Santuário que embora mais artístico e grandioso, tem as mesmas dimensões e alicerces.

1866

Lançado concurso internacional para o projeto de um novo santuário que viria a ser ganho pelo arquiteto Louis Bohnfeld.

1894

Mais tarde, a Irmandade resolveu novamente ajustar a sua topologia através do Arquiteto Marques da Silva.
O santuário não é apenas a igreja construída em granito, extraído de um local entre S. Torcato e Gonça a Pedra Fina. Inclui todo o arranjo urbanístico do espaço circundante, incluindo o Terreiro das Missas Campais frente ao Santuário, o Parque das Merendas a norte dela e o grande Parque do Lago, equipamentos que se foram criando ao longo dos séculos XIX e XX.

2011

Criação do Centro Social da Irmandade de São Torcato.
Criação do Banco da Apoio Social.

25 de outubro 2015

A construção, iniciada em Oitocentos, atravessou todo o século XX, tendo sido terminadas as obras de edificação com a cerimónia de sagração, em 25 de outubro de 2015, com a presença do Arcebispo de Braga D. Jorge Ortiga.

3 de novembro de 2019

O anúncio público da decisão de Elevação à dignidade de Basílica e marcação da cerimónia oficial para 27 de fevereiro de 2020 realizar-se-á, com a presença do Sr. Arcebispo Dom Jorge Ortiga.
Reinscrição do dia 27 de fevereiro no calendário litúrgico da nossa arquidiocese como o Dia de São Torcato.

27 de fevereiro de 2020

No dia de São Torcato, realizou-se a Cerimónia oficial de Elevação à dignidade de Basílica do Santuário de São Torcato, presidida pelo Sr. Arcebispo Dom Jorge Ortiga que apresentou aos Devotos uma Carta Pastoral sobre São Torcato.
Neste grandioso Dia foram, ainda, inaugurados diversos equipamentos: uma Via Sacra e um elevador de acesso ao adro da Basílica.

Modernidade

Continuam, hoje, as obras da Basílica e sua envolvente, a um ritmo diferente e em novas dimensões, nomeadamente em termos da requalificação de acessos para pessoas com mobilidade reduzida, ao nível do embelezamento do seu interior, e manutenção dos parques adjacentes sob orientação do arquiteto Miguel Frazão.

Festividades em Honra do Santo

As maiores e mais espetaculares manifestações de religiosidade popular e devoção ao Santo patenteiam-se nas romarias realizadas em sua honra. Em número de três, correspondem a três festas diversas, cujas datas atuais foram estabelecidas no século XIX.

Feira dos 27 - 27 de Fevereiro

A Feira dos 27, em Fevereiro, é a festa litúrgica que comemora o martírio do Santo Mártir Torcato Félix e foi fixada em 1639.

Romaria pequena 15 de Maio

A Romaria Pequena, no terceiro Domingo de Maio, comemora o aparecimento da relíquia do Santo e o brotar da sua Fonte Milagrosa. Segundo a tradição, esse acontecimento sucedeu a 15 de Maio, pelo que é nesse dia festejado, pelos habitantes de S. Torcato e das freguesias próximas, como sendo o dia da «Água do Santo».

Romaria Grande de São Torcato - 1º Domingo de Julho

A maior e mais concorrida festa em honra do Santo é a “Romaria Grande”. Celebrada no 1º domingo de Julho, dura três dias e comemora a trasladação do Corpo do Santo, ocorrida em 4 de Julho de 1852, do velho mosteiro para o santuário.
A Romaria Grande é uma das maiores festas do Entre-Douro-e-Minho e de Portugal.

Desde de sempre que São Torcato é, ao longo do ano, um motivo e um local de visita e peregrinação constante de milhares de pessoas. A origem destes peregrinos é muito diversa e atinge todos os continentes, como comprova o livro de registos do Santuário, que os peregrinos podem subscrever livremente. São Torcato (Torcato Félix), Santo do Povo, mantém a sua singularidade, o seu fervor religioso e é um dos grandes centros de religiosidade de Portugal.

A Irmandade de São Torcato desde 1693 a servir São Torcato.